Chalé de Marim (ou Chalé Dr. João Lúcio)

Construído no século XX, o Chalé de Marim é um dos maiores monumentos da arquitetura simbolista existente em Portugal, pertenceu ao poeta João Lúcio que o mandou construir em 1916, sendo a sua construção interrompida aquando da sua morte, em 1918.

Situado na Quinta de Marim, o edifício conta com três pisos, de estrutura quadrangular com dinâmica rotativa, desprovida de fachada principal e traseiras. Com quatro entradas distribuídas pelos pontos cardeais: a escadaria a norte com a forma de peixe, a sul de guitarra, a nascente de violino e a poente de serpente. O formato das escadarias representa os quatro elementos, o peixe representa a água, a guitarra o fogo, o violino o ar e a serpente a terra.

João Lúcio Pousão Pereira, poeta, advogado e político, nasceu em Olhão, a 4 de julho de 1880.

Durante a sua juventude colaborou em vários jornais regionais, fundou e dirigiu “O Eco da Academia”, em 1896.

Formou-se em Direito pela Universidade de Coimbra, onde conviveu com grandes nomes da sua geração, como Leonardo Coimbra e Teixeira Pascoaes. Aqui, em 1901, publica o seu primeiro livro, “Descendo”.

Regressa a Olhão em 1902 e rapidamente se torna um advogado famoso, com reconhecidos dotes orais e argumentativos, sendo ainda hoje considerado como um dos mais distinguidos advogados algarvios de sempre.

Torna-se editor literário do semanário farense “O Sul, jornal ligado ao Partido Regenador Liberal e em 1906, é eleito para a Câmara Dos Deputados, chegando ainda a ser nomeado como presidente da Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Olhão.

Entretanto, em 1905 publicou o poema “O Meu Algarve”, obra que acaba por imortalizá-lo como um dos maiores vultos da poesia algarvia.

Com a instauração da República abandona a carreira politica e decide viajar com a sua família por diversos países europeus e publica “Na Asa do Sonho”, em 1913. Estando inspirado pelas suas viagens projeta um chalé completamente original, em Quelfes, Pinheiros de Marim, para onde tencionava retirar-se depois de abandonar a advocacia, com o objetivo de encontrar inspiração para a sua poesia.

O poeta nunca chegaria a habitar o chalé pois em outubro de 1918, faleceu, vítima do vírus da pneumónica.

Atualmente, o Chalé Dr. João Lúcio alberga a Ecoteca Museu, que se encontra englobada na Rede Nacional de Ecotecas e tem como objetivos a criação de espaços mobilizadores dos cidadãos para a discussão de problemas ambientais bem como a educação ambiental.