Torres de Marim e Quatrim

Situadas na freguesia de Quelfes, as Torres de Marim e Quatrim fazem parte de um conjunto de seis torres de vigia do antigo termo de Faro, com contato visual entre si, estendendo-se praticamente em linha recta, entre a Barra de Faro e a Barra da Fuseta.

O conjunto de torres é composto pelas Torres de Marim e Quatrim (de planta simples, regular, quadrada), as Torres de Alfanxia, da Amoreira e Bias do Sul 2 (de planta retangular ou quadrada) e a Torre de Bias do Sul 1 (de planta circular).

Com clara relação entre a linha de costa e a Ria Formosa, as torres foram construídas entre o século XII e o século XVI e distribuem-se em duas linhas, uma de frente, nas margens da Ria Formosa, com ligeira elevação e bom campo visual sobre os canais, barras e ilhas exteriores (Torres de Marim e Bias), com objetivo de vigiar, proteger as terras e as populações ribeirinhas e a segunda linha, na retaguarda, junto a pequenos cursos de água e a terrenos agrícolas, sobre a linha costeira (As Torres de Alfanxia, Amoreira e Quatrim) com o provável propósito de proteção dos campos de cultivo e suporte à linha da frente.

A Torre de Marim, terá sido concluída em Abril de 1282, por Mestre Guilherme a mando de Dom Dinis e conta com três registos que correspondem a dois pisos, sendo o térreo maciço, ao nível do segundo piso alçados de 9,95m de altura, por 10,10m de comprimento e 1,20m de espessura que remata em terraço, com várias goteiras a um nível inferior. Composta por alçados em alvenaria, rebocados e caiados, com cunhais de cantaria, no alçado Este, ao nível do último registo, dispomos de duas janelas retangulares, com molduras de cantaria, entre as quais se encontra uma lápide inscrita com alusão à construção e brasão de armas régio. No interior existem várias divisórias modernas, no alçado Nordeste pode observar-se uma porta entaipada, com molduras pétreas e no piso superior é possível verificar-se a existência de uma abóbada em tijolo burro.

De pequenas dimensões, a Torre de Quatrim, terá sido construída no século XIV na qual, sobrevivem três alçados, em aparelho pseudo-isódomo, com fiadas horizontais regulares compostas por pedra talhada de forma irregular e com a ajuda de cotovelos, rebocados em argamassa de cal, com 7,95m de altura por 5,30m de comprimento e 85cm de espessura, ao nível do primeiro piso e eventual cobertura em terraço. A fachada principal, virada a Norte, atualmente totalmente destruída, seria o local onde estaria a porta de acesso ao interior e hoje sem qualquer vestígio da mesma. A fachada lateral Este, a que se encontra mais preservada na atualidade, é composta por um muro maciço conservado até aos 8m de altura e dividido em dois registos. O primeiro, elevado e rebocado em cerca de dois terços da sua extensão podendo conservar-se no terço inferior o aparelho a descoberto, já o segundo, separa-se do primeiro por uma cornija retangular que percorre todo o perímetro da torre, sendo bastante menor que o registo inferior e estando apenas parcialmente conservado. 

A fachada posterior Sul, conta com uma divisão exatamente igual à fachada lateral Este, sendo que o aparelho já não apresenta qualquer vestígio de reboco na parte inferior do cunhal Sudoeste, no primeiro registo existe uma abertura irregular bastante pronunciada, no Topo Oeste, do alçado que se tratará de um eventual vestígio de um vão do piso superior da torre é possível observar uma cornija retangular que conserva ainda duas gárgulas. A fachada lateral Oeste encontra-se parcialmente conservada junto ao cunhal da fachada Sul, tendo ruído grande parte junto à fachada Norte, conserva ainda vestígios da organização em dois registos e duas aberturas quadrangulares podendo estar relacionadas com a divisão em pisos no interior.

Com articulação interior e exterior diferenciada e acesso ao primeiro piso com ligeira elevação relativamente á cota exterior. O interior corresponde a um espaço diferenciado em três pisos, sem os dois superiores assoalhados, paredes integralmente rebocadas com a marcação dos pisos através de sulcos quadrangulares inscritos na caixa murária, visíveis na interseção das paredes Este e Sul.

Também, na freguesia de Quelfes, existiu a Torre da Amoreira, atualmente com um único alçado com cerca de 3,30m de comprimento por 1,60m de altura e cerca de 90cm de espessura, conservando apenas uma esquina, aparelho pseudo-isódomo tal como a Torre de Quatrim, de pedra irregular, não talhada e argamassas de cal.